Munique decidiu implementar o Windows 10 em cerca de 29 mil PCs a partir de 2020, a um custo de cerca de 50 milhões de euros, substituindo completamente o LiMux — versão personalizada do Ubuntu — até o início de 2023.
A cidade sempre manteve PCs com Windows — entre 20% e 40%, segundo o TechRepublic — para rodar alguns programas incompatíveis com o Linux, quando não é possível usar virtualização. Agora, os políticos decidiram que esse sistema duplo é insustentável: usar o Windows 10 deve abrir as portas para mais programas e drivers compatíveis, e também reduzir os custos associados a gerenciar máquinas com Windows e LiMux. O prefeito Dieter Reiter diz: “nós sempre usamos sistemas mistos, e o que temos aqui é a possibilidade de migrar para um único sistema. Ter dois sistemas operacionais é completamente não-econômico”. No entanto, como lembra o ZDNet, a decisão de migrar para o Linux nunca foi financeira, e sim estratégica. De acordo com um relatório da Comissão Europeia de 2008, o motivo principal era “o desejo de independência estratégica de fornecedores de software” como a Microsoft. Já em 2003, um estudo realizado por Munique previa que a “solução proprietária”, baseada no Windows e no Microsoft Office, teria custado 35 milhões de euros. Isso seria cerca de 2,5 milhões a menos do que o LiMux, já levando em conta os custos de manutenção e treinamento. Na época, a Microsoft era acusada de práticas monopolistas.
A migração para o LiMux foi finalizada em 2013 e, desde então, Munique vinha cogitando retornar ao Windows. Críticos dizem que é difícil encontrar e testar programas para rodar nessa distribuição especializada do Linux; e que é complicado trocar documentos com organizações externas, devido a problemas de compatibilidade no LibreOffice. E aparentemente, o lobby da Microsoft foi forte. No ano passado, a empresa até migrou de escritório na Alemanha para Munique, com seus 2.700 funcionários. (Ela ficava antes na cidade próxima de Unterschleißheim.) No ano passado, um estudo realizado pela Accenture descobriu que Munique levava muito tempo para atualizar o software e corrigir erros, resultando em “tecnologia obsoleta, parcialmente insegura e em geral extremamente desajeitada, levando a muita perda de tempo e produtividade”. O problema não estava exatamente no LiMux, e sim na falta de coordenação entre os mais de 20 departamentos de TI que atendem a cidade. Agora, Munique planeja investir 89 milhões de euros para modernizar seus sistemas de TI. Um dos projetos é aumentar significativamente o número de programas “independentes de plataforma”, que rodam no navegador ou em virtualização. O que talvez seja meio incoerente: se o objetivo é ter programas que não dependem do sistema operacional, para que… mudar o sistema operacional? A cidade também vai adquirir 6 mil licenças para testar o Microsoft Office 2016, que rodará em máquinas virtuais. Então, no final de 2018, o conselho decidirá se abandona ou não o LibreOffice. Com informações: TechRepublic, ZDNet.