Axie Infinity é pirâmide? Por dentro do polêmico jogo com criptomoedasO que são jogos play to earn?
As chamadas “guildas de jogos”, empresas que impulsionam novos jogadores com o financiamento necessário para entrar no game, rapidamente focaram no Axie Infinity desde seu lançamento em 2020. O boom dos jogos play-to-earn, das criptomoedas, dos NFTs e as próprias contribuições dessas companhias levaram o Axie ao topo dos projetos de tokens não fungíveis mais valiosos do mercado.
Axie Infinity está deixando de ser lucrativo
De acordo com dados do CryptoSlam!, o game foi o que mais movimentou dinheiro com transações de NFTs na história, somando US$ 4 bilhões desde seu lançamento e contando com quase três milhões de detentores de tokens não fungíveis. O Axie pede que o jogador possua ao menos três NFTs, que também são os monstrinhos estilo Pokémon usados para formar times. Anteriormente, os preços desses ativos digitais começavam em US$ 150. Em seu ápice, era difícil encontrar algum por menos de US$ 300 (preço referente aos Axies mais baratos e “ruins”). Hoje, você pode comprar um monstrinho por uma média de US$ 25. Além disso, as criptomoedas geradas pelo game, o SLP (Smooth Love Potion) e AXS (Axie Infinity Shards), também despencaram. Dados do CoinMarketCap mostram que, em julho de 2021, o SLP valia cerca de US$ 0,35, enquanto o preço do AXS ultrapassou os US$ 160. No momento de publicação desta matéria, esses valores eram de US$ 0,021 e US$ 51, respectivamente. Vale destacar que essas moedas digitais são as recompensas e fontes de renda dos jogadores. Então, naturalmente, se o game não está mais sendo lucrativo, os usuários começam a abandoná-lo. Segundo dados apurados pelo Rest of World, este mês de fevereiro deverá ser o primeiro que o Axie Infinity registrará uma queda no número de jogadores.
Outros lançamentos chamam a atenção do mercado
Há outros fatores na mesa. As guildas que já receberam milhões em investimento e patrocínio de marcas, como a AcadArena, uma empresa de e-sports com sede nas Filipinas, se preparam para o lançamento de novos títulos. Outros jogos de modelo econômico similar como Star Atlas e Aurory, ambos muito aguardados pelo mercado, estão em desenvolvimento. Enquanto isso, o Axie luta para manter sua própria popularidade e contra a inflação disparada no jogo inundado pela criação desenfreada de criptomoedas. Assim, as guildas responsáveis por inserir grande parte dos jogadores já estão se diversificando para o que elas esperam que sejam os próximos sucessos. Em entrevista ao Rest of World, Piers Kicks, diretor de criptomoedas da empresa de capital de risco Bitkraft Ventures, afirmou que, no longo prazo, essas guildas sempre querem estar na vanguarda desse recente setor de games play-to-earn. A YGG (Yield Guild Games), uma das primeiras do ramo e entre as maiores do mercado, conta com mais de 10.000 membros. Mais recentemente, a companhia antes focada no Axie Infinity começou a investir pesado em mais de 30 jogos. Na prática, o Axie não está mais dando retorno sobre o investimento necessário para jogá-lo. Para se ter uma ideia, um jogador comum, que possui Axies medianos e que dedica entre 4 e 5 horas diariamente no game, conseguia ganhar aproximadamente US$ 700 no mês em julho do ano passado ao jogar todos os dias da semana. Hoje, conseguir US$ 60 nas mesmas condições já é um desafio.
Mesmo que Axie morra, play-to-earn ainda cresce
Claro, o Axie Infinity não representa toda a indústria de jogos play-to-earn. Pela minha própria experiência com esse tipo de game, eu vi o Axie ascender e definhar. O MMORPG Mir4 teve seu momento no final do ano passado, mas está quase morto. O gacha BombCrypto viu sua economia colapsar em questão de meses. Dito isso, há espaço, interesse e capital para que o modelo não morra, mas é natural que alguns títulos vão falhar, enquanto outros tomam seu lugar no mercado. O caso do Axie Infinity é um exemplo de sucesso prolongado, mas ser pioneiro não significa estar sempre à frente da crescente concorrência. O jogador de games play-to-earn se assemelha muito mais a um investidor de criptomoedas do que a um player comum, que está lá apenas para se divertir. O objetivo final é gerar renda, não entretenimento. Dito isso, esses jogos só se mantém vivos enquanto forem lucrativos. Para além da gameplay, cada desenvolvedor precisa pensar cuidadosamente em criar um sistema econômico que se sustente. Com informações: Rest of World