10. Cocaína no pênis
No início do ano, um americano de 35 anos acabou indo para o hospital depois de injetar cocaína em seu próprio pênis, enfrentando uma necrose no órgão por conta da atitude. Segundo o relato, ele teria danificado as veias dos locais de injeção de drogas mais convencionais, deixando-o com poucas opções e levando à decisão de utilizar a veia dorsal peniana. Com úlceras, inchaço, secreções e gangrena no pênis quando chegou ao hospital, o homem se recusou a ter o membro amputado, levando a uma internação de 15 dias para conter a infecção. A cocaína comumente apreendida nos Estados Unidos, em geral, possui levamisol na mistura, um medicamento usado no tratamento de infecções parasitárias de vermes e que pode causar vasculite necrosante, uma inflamação das paredes dos vasos sanguíneos e necrose. No final da internação, o paciente já estava livre de infecções e outros problemas.
9. Vermes sob a pele
Um arrepiante caso na Espanha envolveu a identificação de larvas do parasita nematoide Strongyloides stercoralis passeando sob a pele de um paciente internado que estava com o sistema imunológico comprometido. Era, mais especificamente, uma estrongiloidíase na fase mais grave, que se juntava a outros problemas de saúde. O homem de 64 anos estava com câncer no pulmão e tinha uma erupção cutânea com coceira e diarreia leve, e ainda tomava medicamentos que comprometiam o funcionamento do sistema imune. O mais provável é que ele, que trabalhava no esgoto espanhol, tenha “cultivado” parasitas no intestino sem detecção por anos. Sob a pele, os vermes surgiram quando a imunidade baixou, e se espalharam de forma grave apenas nessa situação. Felizmente, os médicos controlaram a infecção com ivermectina antes que causasse mais problemas.
8. Dois partos, mesmo bebê
Inusitado é pouco para esta mãe americana e seu filho, que passaram praticamente por dois processos de dar à luz. Jaiden Ashlea descobriu, durante exames, que o seu bebê estava com espinha bífida, um problema que pode gerar consequências neurológicas e motoras sérias. Para controlar a situação antes do parto, os médicos resolveram operar o bebê ainda dentro do útero. Como o órgão seria aberto duas vezes — uma para a cirurgia na espinha e outra para o parto em si —, ela e o bebê passariam, na prática, por dois partos. A operação seguiu com sucesso 11 semanas antes do nascimento, evitando incontinência urinária e fecal, por exemplo, no futuro do bebê, que deve levar uma vida normal. Na condição, o tubo neural não se forma ou não se fecha por completo. A operação poderia ser feita com laparoscopia ou a “céu aberto”, retirando o feto da mãe: a segunda opção foi a escolhida.
7. Pneumoescroto e o assobio escrotal
Mais um caso americano entrou para a lista com a primeira ocorrência registrada de assobio escrotal, que atingiu um azarado senhor de 72 anos no país. Ele havia passado por uma cirurgia para tratar epididimite anteriormente, e voltou ao hospital com ar escapando pelo escroto, fazendo um som de assobio, e sentindo falta de ar. Um problema pulmonar levava o ar a escapar pelo abdômen e chegar até a incisão que não havia se fechado na região da virilha, gerando um pneumotórax evoluído para um pneumoescroto. A condição, já rara, costuma ser gerada por acidentes traumáticos, e não por enfisemas subcutâneos, como nesse caso. Com duas cirurgias, drenos e tubos para retirar o ar, o paciente se recuperou com sucesso.
6. Bebê com oito membros
Desta vez, o caso em questão se deu na Índia, onde um bebê nasceu com 4 braços e 4 pernas. Os membros extras estavam presos ao estômago, sendo considerados uma condição rara, chamada de polimelia, geralmente resultando em 5 membros. No país, a condição levou os habitantes a crerem que fosse uma reencarnação da deusa hindu Lakshmi, que tem a mesma quantidade de membros e representa a fortuna. Os braços e pernas extras, no entanto, podem não ser utilizáveis para o bebê.
5. Vermes nos testículos
Fazendo um combo indiano, um homem do país, com idade de 26 anos, chegou ao ambulatório de uma clínica de urologia em Nova Déli com vermes nos testículos. Ele sofria de febre, inchaço e dor no órgão, e passou por um ultrassom, que revelou movimentos inusitados. Era nada menos do que vermes filamentosos vivos dançando em seu escroto, da espécie Wuchereria bancrofti. Os nematelmintos costumam ficar no sistema linfático e canais sanguíneos, podendo ficar dentro de uma pessoa por 6 a 8 anos sem tratamento, gerando milhões de filhotes. No homem, um tratamento de 3 semanas foi o bastante para fazê-lo se livrar dos parasitas, utilizando o antiparasitório dietilcarbamazina.
4. Engolindo 55 pilhas
Em Dublin, na Irlanda, um caso curioso veio à tona em setembro deste ano, quando uma paciente de 66 anos chegou ao St. Vincent’s University Hospital com 55 pilhas AA e AAA em seu corpo, que felizmente não obstruíram o trato gastrointestinal. Com dor abdominal e impossibilidade de retirá-las apenas com os movimentos corporais da mulher, uma laparotomia teve de ser realizada, onde a cavidade abdominal passou por uma incisão. O estômago da paciente estava destendido por conta do peso das pilhas, ficando esticado sobre o osso púbico. Das 55 pilhas, 5 estavam presas no cólon e foram removidas pelo ânus, enquanto as outras saíram pelo orifício estomacal. Segundo os médicos, foi uma automutilação deliberada bem incomum, sendo que pilhas são geralmente engolidas acidentalmente por crianças. Quando presas na garganta, elas podem ter reações químicas no contato com a saliva e queimar o esôfago e outros tecidos, bem como passar por vazamento químico ou obstruir o trato gastrointestinal. Num golpe de extrema sorte, a paciente não sofreu com nenhuma dessas condições.
3. Pombos zumbis
Já chegando em outubro, vimos um furor internético acerca de pombos com condições bastante esquisitas, deixando-os com pescoço retorcido e aparência zumbificada. A explicação era uma doença viral, o PPMV, ou paramixovírus. Atingindo o sistema nervoso, o patógeno deixa as aves com as asas e a cabeça trêmulas e o pescoço retorcido, paralisando parcialmente penas e asas. Também emagrecendo bastante, fazendo fezes verdes e andando apenas em círculos, o aspecto de zumbi dos pombos pode assustar um internauta de primeira viagem, mas os profissionais tranquilizaram o público: não há como sermos afetados pelo vírus, ou ao menos não tão gravemente, já que ele pode causar apenas conjuntivite em humanos. Altamente infecciosa, a doença se espalha por fezes e outras secreções e pode acabar levando ao sacrifício de aves afetadas.
2. Corda de 2,3 metros no pênis
Mais um assustador caso peniano entra no páreo duro do ano com este japonês de 79 anos, que chegou à emergência do hospital sentindo dores na hora de urinar. A suspeita de obstrução fez os médicos realizarem radiografias e descobrir uma corda de pular de 2,3 metros inserida no corpo, toda enrolada no interior da bexiga. Apesar de não esclarecer o motivo, o idoso admitiu tê-la inserido voluntariamente. Com impossibilidade de removê-la pelo buraco por onde entrou, realizou-se uma cirurgia via incisão abdominal. Altamente comprimida na bexiga, a corda não causou complicações, e notou-se estar enrolada pelos exames de imagem e modelos 3D gerados através deles. Em alguns casos, fórceps podem ser usados para retirar objetos pela própria uretra, mas o enrolamento da corda com as contrações normais da bexiga impossibilitaram a tentativa. O homem saiu do incidente sem maiores problemas.
1. Ossos escuros
Para terminar em uma nota mais curiosa do que dolorosa, temos o jovem que, em novembro deste ano, compartilhou sua condição óssea diferenciada com a internet. Vítima de escurecimento intrínseco por minociclina, um tipo de remédio para acne, Archie acabou ficando com os ossos enegrecidos, e, é claro, não fazia ideia do fato até o momento em que seus dentes do siso nasceram. Inicialmente assustado ao pensar que estava com dentes podres, o rapaz foi tranquilizado pelo dentista. Seus ossos também devem ser escuros, mas isso só seria revelado com uma fratura exposta, o que, para a felicidade de Archie, não foi o caso. Os dentes já nascidos não são afetados pela condição. Outros casos incluem o de uma mulher de 52 anos que descobriu de uma maneira um pouco pior, durante uma cirurgia no joelho, assustando os médicos. A minociclina, causadora do evento, é um antibiótico da família da tetraciclina, e a causa da descoloração — rápida, permanente e sem relação com necrose ou morte do tecido — é provavelmente o ferro férrico, que se liga à droga oxidada no osso em desenvolvimento. Já no osso desenvolvido, a causa seria o acúmulo de quinina indissolúvel, advinda da degradação do anel aromático na molécula do medicamento.
Bônus: lambidas em sapos alucinógenos
Em 2022, tivemos muitas notícias sobre a bufotoxina, uma substância leitosa secretada por sapos bufos que pode ser usada para ter viagens psicodélicas. Enquanto a ciência vem estudando o composto — chamado 5-MeO-DMT, especificamente — para um possível uso futuro em terapias contra a depressão e outros problemas de saúde mental, com resultados já promissores, alguns indivíduos já exageraram nas tentativas de “viajar”. O sapo-do-rio-colorado ou sapo-do-deserto-de-sonora (Bufo alvaris), que vive no norte do México e nos Estados Unidos, vem sendo lambido e coletado para que o composto que excreta seja fumado e dê o tal barato esperado. A reação é potente, mas dura apenas 20 minutos, ao contrário da psilocibina, por exemplo, presente em cogumelos alucinógenos, que dura por horas, mas é mais fraca. As sensações relatadas por voluntários de estudos envolvendo a substância são agradáveis, um tipo de déjà vu positivo que traz serenidade, relaxa e deixa um sentimento de ser um com o mundo. Alguns deles tiveram reativações alucinógenas, ou seja, sentiram o barato voltando em momentos aleatórios até semanas após o primeiro uso. Embora geralmente positivas, as experiências se tornaram terríveis em poucos casos onde retornavam vezes demais, não deixando o usuário sequer dormir. O uso indevido do 5-MeO-DMT, coletado dos sapos sem qualquer critério, foi condenado pelo governo americano, que urgiu a população a não lamber mais os animais, atitude que pode levar ao adoecimento tanto dos bufos quanto dos humanos.