Segundo o veículo, o Ripley foi utilizado entre 2015 e 2016 fora dos Estados Unidos e era acionado quando autoridades entravam nos escritórios da companhia para fazer uma investigação. A tecnologia podia trocar senhas remotamente, bem como desligar smartphones, desktops e laptops cedidos aos funcionários.
No Canadá, por exemplo, o Uber era suspeito de ter violado leis tributárias. Cerca de dez autoridades queriam coletar provas nos computadores do escritório em Montreal. Mas, assim que os fiscais entraram, os gerentes acionaram uma equipe em San Francisco. Então, todos os PCs foram deslogados, impossibilitando o acesso às informações, e as autoridades deixaram o local sem nenhuma evidência em mãos. A ideia teria surgido depois que autoridades invadiram o escritório do Uber em Bruxelas, na Bélgica, onde a empresa foi acusada de prestar serviços sem as licenças adequadas. Sabe-se que o Ripley também entrou em ação em Amsterdã, Hong Kong e Paris. Mas a própria Bloomberg deixa claro que, em alguns casos, a polícia não tinha a autorização adequada para entrar nos escritórios da empresa. E o Uber tem o direito de proteger seus segredos industriais, bem como informações sensíveis que não podem cair nas mãos erradas. Nesse caso, existia um bom motivo para acionar o Ripley. Ainda assim, é mais uma prática questionável na conta do Uber, que já criou uma versão falsa do aplicativo para despistar autoridades; tinha um software para espionar o Lyft, maior concorrente nos Estados Unidos; e está metido em uma disputa judicial com o Google, por supostamente ter roubado segredos industriais sobre carros autônomos.